13 de fevereiro de 2019

Investir Politicamente Correto*

Olá Pessoas!

Como consequência direta do desastre que foi o rompimento da barragem em Brumadinho, as ações da Vale tiveram uma drástica queda em seu valor de mercado. No dia 24 de janeiro, a bolsa fechou com as ações da Vale cotadas a 56,15 R$. 

No dia seguinte, feriado em São Paulo, não houve pregão e deu-se o rompimento da barragem. Na segunda-feira seguinte, primeiro pregão após o desastre, as ações recuaram quase 25% e foram a 42,36 R$.



Por esses dias, cheguei a ver a cotação descer pra casa dos 40 Reais. Acabei decidindo por comprar algumas ações com o dinheiro que estava parado na corretora a espera de destinação. Imediatamente após a compra, me bateu uma bad trip.

Comecei a me questionar sobre o fato de estar objetivando lucro financeiro através de uma oportunidade gerada como consequência de um desastre que matou centenas de pessoas, destruiu centenas de famílias.

Tem tanto lugar pra investir dinheiro. Precisava ser na Vale? Precisava ser agora na Vale?

Após grande reflexão cheguei a conclusão de que (PARA MIM) não há nenhuma morbidez ou mau caratismo nesta compra. O que pesou a favor: 

  •  A Vale é uma empresa importantíssima para a economia nacional. Era até antes do desastre a terceira maior em valor de mercado do Brasil (atrás apenas de Petrobras e Itaú) e geradora de milhares de empregos;
  • As ações não deixaram de ser negociadas, logo, comprando eu ou não, milhares de negócios seriam realizados e milhões de ações ainda seriam negociadas; 
  • A falta de certeza sobre as dimensões da culpa da Vale. A internet hoje é um grande formador de pseudo-especialistas em tudo e um grande agente de pressão sobre os tomadores de decisão do país (vide a prisão precipitada dos responsáveis técnicos para suprir os anseios da sociedade), mas a verdade é que toda a queda do valor foi justificada mais pelo temor das consequências do que conhecimento do que está por vir. A Vale hoje alega que o monitoramento da barragem era feito de acordo com as melhores práticas mundiais. Os dois cenários possíveis são: a Vale ter sido omissa ou não. No segundo caso, o dano à empresa pode ser menor que o mercado imaginou no primeiro momento.

Isto racionalizado decidi por comprar. 


E vocês, têm algum limite moral/ético nos investimentos ou uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Abraços e sucesso!

ICV.


* ESTE TEXTO NÃO É UMA INDICAÇÃO DE COMPRA. NÃO TENHO HABILITAÇÃO LEGAL PARA RECOMENDAR INVESTIMENTOS, SENDO TODO O RELATO APENAS UM REGISTRO PESSOAL. O INVESTIMENTO EM AÇÕES É CONSIDERADO DE ALTO RISCO, PODENDO OCASIONAR PERDAS.



8 comentários:

  1. Olá Investidor Como Você,

    Eu não sou investidor, mas vou dizer o que acho sobre essa situação.

    A Vale teve grande parcela de culpa nessas tragédias, pois visava apenas o lucro, e não a segurança, até mesmo de seus próprios funcionários. A empresa deve ser devidamente penalizada, o que agrava mais a situação é que a tragédia de Mariana era para ter sido a única, pois servia como uma lição mas a empresa simplesmente relevou, isso foi um erro imperdoável. Essas empresas riquíssimas tem infraestrutura ainda das décadas de 1970 e 1980, isso é bem ruim do meu ponto de vista.

    Por outro lado a Vale é uma das empresas mais sólidas e tradicionais do Brasil, uma das poucas brasileiras reconhecidas no exterior. Gera muitos empregos, receita, muitas cidades dependem inteiramente das atividades de mineração.

    A mídia também é bem sensacionalista, e, atrás de audiência nutre na população uma repulsa a empresa, pois sabe que aqui no Brasil a iniciativa privada é sempre considerada a vilã pela população, em qualquer circunstância, mesmo que a economia dependa dela.

    futuramenterico.blogspot.com

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  2. Cara de fato isso é uma duvida moral bastante falada ultimamente.

    Ao meu ver, investimentos não tem nada a ver com moral/ética nesse sentido. Infelizmente quem deveria se preocupar com moralidade e ética era a empresa. E isso será cobrado, com toda certeza.

    A nossa missão como investidor é ganhar dinheiro. independente das tragédias, infelizmente.

    Se nas tragédias perdemos dinheiro (pra quem tinha Vale na carteira, se ferrou), então porque não ganhar tbm com elas?

    Sei lá. Não vejo problema com isso não. Mas, são opiniões polemicas. hehe

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    1. Pois é... Perdi um tempo refletindo sobre e no final decidi pela compra.

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  3. Eu preferi vender minhas ações da Vale. Acho que foi erro de estratégia e gestão da Vale. Eu tenho alguns limotes éticos sim, por exemplo nunca investi na Souza Cruz quando era listada na bolsa.

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    1. Mas nesse caso, a Souza Cruz em sua essência é a produção de cigarros (o que faz mal), no caso da Vale, ela não é especialista em estourar barragens. Foi uma tragédia, que aos acionistas, não estava prevista. Infelizmente.

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    2. Beto, eu li seu post. Entendo sua posição mas na comparação concordo com o Papa Fox, a natureza do negócio da empresa Vale é diferente da Souza Cruz, uma é no final do seu ciclo, destinada a melhorar a vida das pessoas, enquanto a outra não traz nada de positivo.

      Abraço e sucesso!

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  4. O grande desafio é desassociar emoções ao dinheiro, se fôssemos estritamente racionais ao lidar com ele, o mercado não seria como é.
    Nunca parei para pensar sobre isso, mas acho que você estava aproveitando o momento, não foi como se tivesse planejado ou torcido para o desastre. Essas coisas acontecem (mesmo que por irresponsabilidade), você só agarrou uma boa oportunidade.

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    1. Pois é, Ryca! E como disse o Papa Fox, se eu tivesse Vale antes teria perdido dinheiro, e isso faz parte do risco do investimento. A tragédia continua sendo terrível, mas acho que a negociação de ações da empresa está um tanto distante do fato para o mero mortal investidor PF...

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